entra vento forte pela casa

batendo nas coisas, 

nos cantos,

na gente.

vem do mar.

ecoa nas paredes.

vem de todos os lados.

ver o mar da janela

entreprédios 

espremido

as ondas vão batendo 

o molhado subindo

na perna

da cidade

(a maré alta da lua cheia de março

maré mais alta

avança)

à noite, quando os gritos se calam,

dormem loucos e lúcidos,

e o vento lá fora

o vento sussurra

traz a cantiga 

violenta

da dança das ondas

vitrine vida e verso

liberdade

2008

caminho de tempo

caminho da idade da vida

crianças que cantam

Aparecida, 100ª festa de São Benedito, abr 2009

Pipeta, consultora de projetos. 

2007.

photoperformance

storyboard ladeirabaixo

(uma zona, um mistério, uma photoperformance)

       

   

                 

photoperformance, fev 2009

auto-retratos

amo o silêncio, o silêncio da noite...

saudade.

saudade do tempo

do mar

da areia da praia

do sol na areia da praia

do silêncio de dia 

   no sol quente da areia da praia

saudade de passar o dia na areia da praia

sol sombra e água

e chegar a noite

e à noite, o silêncio da noite...

caretas cotidianas no carro

conversa na cozinha

silêncio 

fala

só

desdanças na madruga de mim mesma

arrisco um gesto

desvira a dança

britadeira

quando a gente ta construindo coisa grande, treme tudo por dentro. 

na hora de fazer a fundação, treme tudo em volta também.

palavra?

que poesia

me leva 

à toa?

num canto

que música

me diz

de mim?

ela

espreguiça na calçada

decor

quando ando difuso

às vezes preciso

vereu

vermelho-fogo sobre azul-infinito

um eu de dentro 

pra fora

no infinito flutua

psiu!

entre eu e você

o silêncio fala 

a mesma língua

PARA AR

.

ENTRE

EU

E

O

OUTRO

TEM

TANTO

AR

PRA

PULAR

.

.

.

VEJA BEM

PENSAMENTO

EM PRÁTICA

RASTEJANTE

(OUTROS HORIZONTES)

olha

para ver melhor

sudad

a saudade se disfarça 

em falta

como o vazio 

no estômago

sem fome

sem graça

e dura e engana

e diz que passa

e fragmenta a imagem

e o tempo 

desgasta

a saudade fantasia

a distância

numa cena que repete

tonta

e o tempo

vira farsa

a saudade cria um eco

e engasga

cria um duelo do espaço

do que vejo

com o que dista

e o tempo

passa

tem um assunto que autoriza

a manter com o invisível

num diálogo que retorna

um almeja um aguarda

um distorce vira e volta

e sobra uma pergunta

no silêncio

descontínuo

não se basta

quanto mesmo você calça?

azul

há no ar a lembrança do mar

no céu azul

onde não existe limite

para voar

e mergulhar

em si

e o infinito

que encosta

poroso

.

nadar no nada

respirando

como o peixe

na água

profundezas da cor

na cor

submergi.

verbo intransitivo.

direto.

tempo

cadê?

passou.

vejo a vida

vis a vis

se jogar 

de si

e se ver horizonte

além

• rumo à revolução
• silenciosa

tem gente que não cabe em si.
moá ausi.

cara

metade

vôo livre

carnavalesco

eu sumo tu somes ele some nós sumimos vós sumis eles somem...
eu somo tu somas ele soma nós somamos vós somais eles somam...
eu suldade de ti cidades el saldad nós salúd!

morenairmã ao por do sol

e do ano

.

contra-luz que ofusca

no mercado

da lembrança

fim do ano
uma pausa no meio
dos pulos
neuronais

vai apertando a saudade....

parece que chega dezembro e a coisa complica, o bixo pega, a porca torce o rabo!

psiu! - de quase palavra
vc por aqui? - pausa.

i'm back.
ao ponto de partida.
after árvores.
e rio.

entrega pouca é bobagem.

o doce é do lábio
e da língua
que degusta
lenta

vai aranha
ama
entrelaça
e devora

a ausência

a memória

no aconchego do ninho

sozinha
de manhã

pedaços de amor e drama em quase carta digital

guardo ainda tantas músicas e palavras doces,
cheias de amor e deleite.

...................................................................................................................

me despeço ao longe
pela tela plana
e brilhante.

o amor ofusca a cada instante.

.....................................

(e nem falo das correrias íntimas do coração extravagante)

e eis que surge uma panela, e podemos juntar todos os pedaços e fazer um ensopadão! com carne, unha, olho de coruja, casca de cobra, furacão, sonhos delirantes, teclas diversas, couro de gato, veneno de verdura do mato, terra molhada, taças de cristal, amor descompassado, umbigo de tatu bola...

 
 
ares
entre

linhas

descobri 
gosto de estar junto.
do outro.
um outro que dance
como o vento
na árvore.
é estar outro.

quanta novidade essa conversa de outramento.

descoberta juntou com memórias.

-descobrir assim é quando se vê
e se pega o que vê
o que sempre estava ali-

(re)descobri assim.
e a mim
noutra distância que tava dentro.
e silenciosamente
reflete

vocêu.

corpo selvagem em silêncio
olhar aberto
pra dentro

cabeçaventre
rua que dorme
sombras na noite

o frio lá fora
espreita
pela fresta

corpo respira
vôo escuro
na noite preta

rebate vento
pelas encostas
de dentro

o cotidiano é o maior mestre.
pra bom observador,

meia palavra.

um olho só.

*

quem vê 

é rei

véu que é um retrato da fronteira entre dentro e fora do ser
em pesquisa compartilhada
in process
in love

contra-luz transparências

entre dentro e fora

véu

aurora

quanto milagre cabe num carinho
em ser inteiro
em cada tato
cheio de ar
e cheiro

meu domingo foi na segunda.

diálogo coruja

a fala da velha de 29:
acho que é tipo assim, quanto mais velha o ser fica, mais coisas acontecem em volta cutucando dentro os desejos da mente.

e a resposta do bruno:
A mente, essa panela de milongas...

chicoitamar

Tem mais samba no encontro que na espera

Não sei se gosto de mim
Não sei se gosto de você
Mas gosto de nós

Tem mais samba no peito de quem chora

Entre o sim e o não existe um vão
Entre o sim e o não existe um vão
Entre o sim e o não existe um vão
Entre o sim e o não existe um vão

Tem mais samba o perdão que a despedida

O real é a rocha que o poeta lapida
Doando à humanidade mal agradecida
Poeta, talvez seja melhor
Afinar o coro dos descontentes.

Tem mais samba no som que vem da rua

Não há saídas, só ruas
Viadutos e avenidas

Tem mais samba no pranto de quem vê
Que o bom samba não tem lugar nem hora

Lembre-se:
Quem não vive tem medo da morte

Vem que passa
Teu sofrer
Se todo mundo sambasse
Seria tão fácil viver

delicadezas de pedra

linha curva

buraco da lua

silêncio

.

escuro

no fundo

água que move, cai, afunda, volta, e brilha, brilha

ando devagar porque já tive pressa...

cotidiano em pausas

(do continuum que sou-me tempo)

o vento traz o cheiro de um tempo maior
dicas das núvens

e céu é inda mais alto

vejo um labirinto azul
cheio de núvens
cheiros de música no ar

horizontes sob a terra
mas vem o vento
acalanto

visão expandida:
horizontes sobre horizontes.

microhorizontes
invisíveis
também

e repouso
de idéias

uma pausa.

ser humano.

de raízes que se apóiam no fundo
dos tempos

(parênteses)

vida que vem vai

coração canta no peito
bate
cotidiano

subterraneos
pontas
ecos

(plural)


vida que vai vai

que vai.

anahí aqui ali lá

suntuosa rainha do lar ao sol da manhã

panela no fogo baixo
com pitadas de silêncio
e pimenta do pé

vida quente como a febre, num vácuo de ilusão. mergulho profundo e banalidades.
o corpo geme, grita, chora. de manhã também ri.
desejos intensos, criação de volúpias, coração ardente.
ao dente. pronto para morder. devagar, por favor.

*

______________________________________________________

*

dias e noites sem tempo de cama com febre.
o corpo lateja. busca involuntariamente novos elos. cria elos.
você estava aqui comigo.
cadê você?
mas, e quem é você?

existe.
você existe.

é muito bom falar a mesma língua. uma glória, profunda.

o tempo passa em maio...
sem palavras.
rodei a bainana dentro.
com as foices
matando pra todo lado.
estou cada vez mais livre.
mato o que não me presta.

ser livre é cada dia.
sempre com novas conquistas.
de grão em grão
tanto bate
até que fura.

vou rodar
e virar as páginas
e escorrer pelas calçadas
das memórias

quero rodar a baiana.
a pernambucana.
a francesa.
a africana.
a japonesa.
a paulistana.

atravessar muitos mares
dentro de casa
e de vento em popa, pescar-me nos voos
pra voar mais alto

muito é possível na vida.
amor é possível.
e no sofrer é possível ficar maior.
grande de mais amor. consigo (si).

tb não quero me perder de mim.
então vivo, o vazio e o calor.
respiro.

e me encanto com as graças.
que arejam.

militância afetiva
amor e liberdade
fidelidade real
viver de verdade
ver-se
encontrar-se nos trânsitos,
abrir espaços de comunicação e diálogo,
sinceridade.

"pra libertar meu coração
eu quero muito mais que o som da marcha lenta!"

mas quem disse que ia ser fácil?

noite sem lua
tem que acender a luz
dentro

melhorei.

to péssima
e sem poesia
essa história da intimidade solitária não é mole não.
haja coração nessa vida.

carta de uma nota só

vc me faz lembrar coisas importantes
de coração e brilhos da mente
poesia
essas coisas importantes
.
e meu corpo quer dançar mais
com a ênfase de estar viva

coração à tino.
to por aqui achando o eixo de mim mesma.
feliz e troncha.
tenho só que fechar os olhos.
.
nao liga que tem muita poesia mesmo.
.
é madrugada.
no coração.